sábado, 31 de janeiro de 2009

Faz-se caminho ao andar...

Caminhante, são teus rastros
O caminho, e nada mais;
Caminhante, não há caminho,
Faz-se caminho ao andar.

Ao andar faz-se o caminho,
E ao olhar para trás
Vê-se a senda que jamais
Se há de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
Somente sulcos no mar.

(In: Machado, Antonio. Poesías completas. 14ª ed. Madri - Espasa-?
Calpe 1973. p. 158 "Proverbios y cantares")

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Recordo ainda...


Recordo ainda...E nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...


Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas ai,
Embora idade e senso eu aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai:

Eu quero meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai...
Que envelheceu, um dia, de repente...

(Mário Quintana - "Poesias". Ed. Globo, Porto Alegre, 1962)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O Leão da tribo de Judá venceu...


A graça transforma fichas em moedas de ouro,
Pedregulhos em pérolas,
fraqueza em força e
misericordia em abundância. (Thomas Books)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Eternamente responsáveis...

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
Certa vez (há anos) uma pessoa amiga me falou dessa frase... Aparentemente simples! Somos responsáveis por aqueles com quem criamos laços. Mas por quê? Porque o nosso coração, quando cultivado, fica mais sensível...
“A gente só conhece bem as coisas que cativou. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas.”
Não temos mais tempo de conhecer coisa alguma... Impossível conceber isso! Sem tempo de visitar, de telefonar, de enviar um e-mail, de pedir desculpas, de reunir a família, de amar... Queremos bastante, lutamos pouco e realizamos menos ainda... Mas cativar requer disposição, precisamos ter atitude, iniciativa, prestar atenção! Não estou falando de grandiosas obras! Estou falando de atitudes que podem demorar alguns segundos, poucos minutos ou umas horas, no máximo, porém que podem modificar vidas... Levo dentro de mim todas as pessoas que me são especiais... Tento a cada dia cuidar daquilo que cativei... Alguns distantes, sim, porém essa consciência de que sou responsável faz a saudade doer menos...
L.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Medo...



"Deixo-vos a paz, a minha paz vou dou; Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem tenhais MEDO!" [Jo 14.27]


Palavras amorosas de um Mestre Amoroso...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Feridas que nos roubam...

Talvez a sua visita neste “blog” seja por coincidência - uma presença que irrompe a normalidade. É como atravessar uma rua, dobrar esquinas a procura de um porto seguro... Mesmo assim, seja bem vindo! Quero falar hoje sobre as feridas que muitas vezes nos roubam a esperança e nos fazem procurar em outros o que perdemos dentro de nós mesmos. Muitas vezes, quando somos feridos pelas circunstâncias (ou seja o que for) vivemos a partir de regras que são ditas por outros, pois nós mesmos já não somos capazes de colher os cacos que restaram quando fomos “quebrados”. A partir daí surge uma ferida, uma falta, uma dor, uma busca... As circunstâncias, os problemas, a ausência de algo muitas vezes são ventos que, com seu zunido, cantam a dor em nós e chegam promulgando feridas, apagando a canção que compomos na pauta da vida e destruindo o que construímos (como os castelos que quando crianças construímos na beira da praia, porém que são levados pelas águas). Quase não se percebe o alarde, porém definitivamente as consequências desses ventos são devastadoras, pois embora as pessoas não percebam, tudo acontece silenciosamente dentro de nós... ventos que destroem nossa essência e confundem nossa fé. Na maioria das vezes colecionamos as feridas e mágoas, o que nos torna mais vulneráveis aos ventos das circunstâncias... por consequência, torna-se mais difícil acreditar que algo possa mudar o nosso futuro fazendo que aconteça aquilo que mais almejamos. Esperar, esperar e esperar... As vezes torna-se difícil esperar tanto para que algo aconteça nas nossas vidas. Embora a dor seja uma ponte entre o aprendizado e a lapidação de si mesmo, muitas vezes temos dificuldade em aguardar com paciência, entretanto essa é a vontade de Deus, pois as peças da vida, segundo a Sua vontade, se encaixarão vagarosamente. Deus é muitas coisas, isso é um fato. Mas se Ele é para nós aquele fio de esperança que nos faz permanecer de pé, isso já muita, muita coisa mesmo, para pessoas tão limitadas como nós. Deixe que a esperança em Deus guarde os seus sentimentos e cure essa ferida, vai?! Uma ferida pode doer, porém não pode jamais apagar a nossa fé que Deus mudará as circunstâncias...
L.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Sorria com o olhar...

Foi o primeiro dia de aula (estágio) no ano passado... Eu esperando para conhecer quem seriam os meus novos alunos... Multidões de crianças aglomeradas... era a vida acontecendo dentro da precariedade do mundo. Logo entrei na sala que eu ensinaria e uma garotinha sentada comportavelmente no canto direito me desconsertou com o olhar - era doce e resgatador. Todas as coisas negativas que me disseram de uma sexto ano do ensino fundamental foi por terra quando recebi o olhar terno e sereno daquela menina. E no olhar, ela sorriu para mim. Com o seu olhar, eu aprendi antes mesmo de ensinar. Ela não precisou dizer nada, apenas mergulhei no olhar da garotinha que sentada esperava aprender. Talvez ela seja pequena demais para compreender que me ensinou a primeira lição: a gente só ganha o coração do outro utilizando a pedagogia do amor. Nem o meu sorriso por mais lindo que fosse, embrulhado em laços de gratidão, pagaria o resgate da gentileza que ela suscitou em mim. Pequenos gestos que acendem o lampião da vida. Pequenos detalhes que ajudam a consertar o mundo e enfeitam com os melhores arranjos a grande orquestra que é a vida. Eu descobri no olhar e no sorriso da minha aluna que o mundo tem jeito e basta um sorriso para ressuscitar a bondade que por vezes fica escondida por baixo de tantos lixos do egoísmo, tristeza e reclamações. Eu aprendi que eu não preciso consertar o mundo falando... Confesso que eu não saí a mesma daquela sala de aula. Aquela menininha teria mil razões para ficar séria, caladinha e, por vergonha da nova professora que talvez fosse rude, ela nem olhasse para mim. Mas não! Foi a primeira vez que nos encontramos e ela soube preparar bem o solo: me olhou, me encontrou e sorriu para mim. Não tenho a menor dúvida: aquela menininha me ganhou com um gesto tão simples, mas enraizado num amor tão puro. Ela soube ser ela. E o foi... Deveríamos nos envergonhar de não ter sido nós mesmos para conquistar tantas pessoas que queremos mais perto de nós - fazemos isso quando não reconhecemos o valor que temos. Aprendi a lição! Aprendi a consertar o mundo... Aprendi que a única forma de ser encontrado é mostrando quem eu verdadeiramente sou... e assim serei amado de forma inigualável porque eu dou aquilo que eu tenho de melhor dentro de mim. O que ela tinha a oferecer de melhor em si foi o suficiente para ela me ganhar. Confundindo qualquer sintaxe e ultrapassando qualquer adjetivo. Seu gesto se eternizou em mim de forma atemporal... O mundo tem jeito e alguém como esta minha pequena aluna já começou a consertá-lo...
Sorria, pois nunca sabemos o que um simples sorriso é capaz de fazer...
L.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ah, as pessoas...

Ao longo dos meus 21 anos (quase 22) tenho dividido as pessoas em dois grupos: o primeiro grupo abrange aquelas pessoas para quem temos que forjar ser outro alguém ou abrandar o que somos e aquelas a quem podemos ser nós mesmos. Apesar das limitações inerentes a qualquer classificação, esta tem sido bem coerente até agora, ainda que simplória. No primeiro caso, essas pessoas podem ser comparadas às ondas do mar que tocam a margem da praia e, em seguida, recuam... As vezes, recuam tanto que deixam somente um mar de desertificação. Essa aproximação pode ser motivada por necessidades, afinidades, educação ou até mesmo hábitos. São aqueles indivíduos que se aproximam e quando percebem uma entrega do outro, se esquivam retraídos por algum motivo. De fato, comprometimento não é coisa de tempos modernos. São tempos velozes e fugazes, em que o "tudo bem" tem que ser respondido com outro enxuto "tudo bem", ou que a expressão “eu te amo” adquiriu o mesmo valor da expressão “bom dia”. Não há contato visual. Não há afeto. É uma relação “plastificada”. Somente um cumprimento semanticamente vazio, uma expressão gramaticalizada e fossilizada. São tempos de relações virtuais em que se há a falsa ilusão de proximidade... Já aquele segundo tipo de pessoas é o que te acompanha como uma escada em espiral... Metáfora bem pobre em relação a anterior, porém apropriada. Podemos pensá-la como a vida, com altos e baixos e com curvas – não apenas a nossa sinuosidade emotiva, mas também as várias circunstâncias em que nos encontramos. Podem notar: são poucas essas pessoas e estão ao nosso lado. Nem sempre tão agradáveis, nem sempre dispostas a nos aplaudir. Mas estão aí!!! Não importa se choramos ou se rimos. Elas estão para o que há de vir! Para essas pessoas podemos dizer “hoje estou péssima”, pois realmente querem saber como estamos. Estas, de alguma forma, compreendem que as relações interpessoais são imperfeitas e que as frustrações fazem parte delas como elemento propulsor do crescimento humano. A verdade é que não temos que ser outro alguém, apenas nós mesmos. Pois não há como “agradar a gregos e troianos”. Não nascemos para agradar a ninguém. Nascemos, sim, para desenvolver nossas potencialidades e nos tornarmos melhores... o melhor que podemos ser.
Bem... eu tinha me recusado a ter relações superficiais e desde então procuro conferir um caráter poético a cada pessoa que cruza meu caminho. Hoje confesso: as amizades que tenho são profundas e intrínsecas. Delas provém o crescimento, a plenitude e a consciência de que somente em oposição ao outro se dá o auto-conhecimento, a construção da nossa subjetividade e, sobretudo, o desenvolvimento do maior mandamento do Mestre: amar e ser amado.
L.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

"Sou Brasileiro e NÃO Desisto Nunca"... Será mesmo???

Mexendo nos meus “alfarrábios” encontrei um texto que escrevi em 09-07-2006 e achei por bem publicá-lo nesse blog... Era época da campanha do governo brasileiro: “Sou brasileiro e não desisto nunca” e também época da copa de 2006 e o Brasil lutava pela “sexta estrela”...

>>> Que Brasil é esse??? [ 09-07-2006]

Página Policial: "Violência! Porteiro é baleado com quatro tiros ao evitar roubo. A vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu..." (Notícia extraída do jornal 'Diário Popular' - Sexta-feira - 23 de Junho de 2006)
A minha versão sobre tudo isso?? Esse homem é o reflexo de todos os brasileiros!
"Eu sou brasileiro e não desisto nunca..." Será mesmo?
Sexta-feira, 6h: ainda era noite, mas na alma daquele 'brasileiro' era dia... era dia porque havia esperança, e a esperança é a última que morre. 6:20: o 'brasileiro' acorda. Pensa duas vezes antes de levantar-se, no entanto ele precisa ir trabalhar... sua família depende disso. Quer desistir, mas não pode, pois é brasileiro e não desiste nunca (embora já tivesse desistido de tantas outras coisas em sua vida: um emprego melhor, uma posição digna, seus sonhos)... Era um dia aparentemente normal, mas algo o aguardava naquele fim de tarde. O 'brasileiro' levanta-se, da mesma forma que fazia todos os dias, e segue para o seu trabalho. Mesmo com um emprego, ele não perdia o olhar de negação contra o governo, mas nada poderia fazer, era tão pequeno diante das circunstâncias...
Todos os dias eram iguais. A rotina engoliu e sugou a espontaneidade de sua vida. Mas aquele dia foi diferente. O 'brasileiro' morreu... seu coração nacionalista já tinha se acostumado a encobrir os diversos problemas do país do futebol, do carnaval, das mulheres... mas também da criminalidade... e foi exatamente isso que tirou a sua vida: criminosos... E foram quatro tiros que ceifaram sua vida quando apenas um bastava... Enquanto o Brasil chora pela perda da "sexta estrela", a família daquele brasileiro chora pela perda do "chefe da família" - a maior estrela da casa... Era uma família brasileira? sim, mas já desistiram da vida! Sua esposa espera o marido voltar do trabalho, mas não voltará... então ela, juntamente com seus filhos, chora como chorara a semana inteira... e os outros brasileiros lamentam o fim da copa... os valores estão mesmo invertidos...
L.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Estrelas...

Quando criança gostava de ficar admirando as estrelas... Eu sempre fazia essa ponte imaginária entre o meu coração e a diversidade de estrelas que havia no céu naquelas noites. Até poderia ter me tornado uma “astrônoma”, embora eu não goste de física ou de cálculo algum... Era interessante deitar no chão e descobrir em cada uma um jeito simples de me sentir preenchida e acompanhada. Eu nunca tive uma casa na árvore, mas eu tive o meu coração na infinitude do céu, na dimensão incansável do brilho das estrelas. Eu girava a minha cabeça lentamente e, em meio às estrelas do céu, eu brincava de sentir. Nem uma boneca me trouxera tamanho prazer! Por maior vontade que eu tivesse de contar para meus pais, eles diriam que isso era loucura, porque existem verdades que são tocadas apenas por aqueles que a experimentam e eu só não acreditarei naquilo que eu não toquei com o meu “sentir”. O amor é assim - acreditamos em sua existência quando somos tocados pelo brilho que ele proporciona. Eu era pequena demais para entender as coisas dos meus pais e eles grandes demais para compreender o meu “sentir” de criança. O mais interessante é que a lua nunca me atraiu... aliás, não gostava quando ela aparecia e tomava conta do céu. Recordo-me quando esperava um dia inteiro para ver as estrelas... mesmo em meio às brincadeiras com minhas amiguinhas, ficava velando o céu. As vezes eu esperava, esperava e esperava... por mais impaciente que eu estivesse, quando as luzes piscavam interrompendo a normalidade do céu, meu coração esquecia que eu havia esperado por tanto tempo e me ocupava em festejar a beleza do momento. Ver o brilho de cada aparentemente pequenina estrela me devolvia o entusiasmo perdido nos minutos de espera... A vida também é assim: por mais longo que seja o tempo em que a dor permaneça em nós, por maior que seja o tempo em que a solidão anule nossos sonhos, a presença de alguém que nos ama acima de tudo – Deus - inaugura um novo ser em nós - um novo tempo e reestabelece a nossa alma. Por isso que as vezes é preciso esperar... mesmo que haja a demora, o inesperado poderá emergir de nossas vidas trazendo um novo sentido. Eu era muito pequena para entender essas coisas e colocar em palavras. As incansáveis noites com os olhos fitados ao céu foram ancoradas em algum lugar, algum quarto do meu coração e me gerado mais humana para que hoje todos pudessem ter a oportunidade de conhecer em palavras o que em anos e anos sobrevivera na pauta dos meus mais secretos sentimentos... Não sou feita apenas de sonhos, mas de estrelas...
L.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Carpe diem...

Talvez muitos já conheçam essa expressão, mas para quem ainda não a conhece faço questão de escrever o que significa...

Descobrimos seu significado já na primeira frase do poema “Odes” (I,, 11.8) , do poeta romano Horácio (65 - 8 AC):


"Carpe diem quam minimum credula postero", ou seja, “colhe o dia, confia o mínimo no amanhã”.

Segundo o dicionário básico Latino-Português: Carpo, is, ere, carpsi, carptum. tr. colher (frutos, flores). Dessa forma, "carpe diem" significa, literalmente, "colher o dia" como se fosse um fruto maduro que amanhã poderá estar podre, ou seja, a vida não pode ser economizada para amanhã...

Na Literatura, essa idéia tem sido um tema muito comum no repertório de muitos poetas, mas tornou-se popular na poesia inglesa “to Make Much of Time”:


"Gather ye rosebuds while ye may".
Isto é: "Colha seus botões de rosa enquanto podes".



E também na Literatura brasileira, na voz de Tomás Antônio Gonzaga:

Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde já vêm frias,
e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
aproveite o tempo antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças,
e ao semblante a graça!


Popularmente, essa expressão significa aproveitar as oportunidades que a vida lhe oferece no momento em que elas se apresentam. E foi essa a razão que me impulsionou a escolher essa expressão para nomear meu "blog": "aproveite o dia", o dia é seu, feito para você como uma fruta que você gosta e que já está no ponto... se não colhê-la, corre o risco de não saber o quanto ela é boa. Esse significado está bem traduzido na figura acima: a expressão está escrita na areia, porém em breve as ondas do mar irão apagá-la. Não deixe de dizer hoje palavras amorosas, não deixe de demonstrar seu carinho, não deixe de buscar a Deus... Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje!!



Carpe diem... ;)

L.