segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ah, as pessoas...

Ao longo dos meus 21 anos (quase 22) tenho dividido as pessoas em dois grupos: o primeiro grupo abrange aquelas pessoas para quem temos que forjar ser outro alguém ou abrandar o que somos e aquelas a quem podemos ser nós mesmos. Apesar das limitações inerentes a qualquer classificação, esta tem sido bem coerente até agora, ainda que simplória. No primeiro caso, essas pessoas podem ser comparadas às ondas do mar que tocam a margem da praia e, em seguida, recuam... As vezes, recuam tanto que deixam somente um mar de desertificação. Essa aproximação pode ser motivada por necessidades, afinidades, educação ou até mesmo hábitos. São aqueles indivíduos que se aproximam e quando percebem uma entrega do outro, se esquivam retraídos por algum motivo. De fato, comprometimento não é coisa de tempos modernos. São tempos velozes e fugazes, em que o "tudo bem" tem que ser respondido com outro enxuto "tudo bem", ou que a expressão “eu te amo” adquiriu o mesmo valor da expressão “bom dia”. Não há contato visual. Não há afeto. É uma relação “plastificada”. Somente um cumprimento semanticamente vazio, uma expressão gramaticalizada e fossilizada. São tempos de relações virtuais em que se há a falsa ilusão de proximidade... Já aquele segundo tipo de pessoas é o que te acompanha como uma escada em espiral... Metáfora bem pobre em relação a anterior, porém apropriada. Podemos pensá-la como a vida, com altos e baixos e com curvas – não apenas a nossa sinuosidade emotiva, mas também as várias circunstâncias em que nos encontramos. Podem notar: são poucas essas pessoas e estão ao nosso lado. Nem sempre tão agradáveis, nem sempre dispostas a nos aplaudir. Mas estão aí!!! Não importa se choramos ou se rimos. Elas estão para o que há de vir! Para essas pessoas podemos dizer “hoje estou péssima”, pois realmente querem saber como estamos. Estas, de alguma forma, compreendem que as relações interpessoais são imperfeitas e que as frustrações fazem parte delas como elemento propulsor do crescimento humano. A verdade é que não temos que ser outro alguém, apenas nós mesmos. Pois não há como “agradar a gregos e troianos”. Não nascemos para agradar a ninguém. Nascemos, sim, para desenvolver nossas potencialidades e nos tornarmos melhores... o melhor que podemos ser.
Bem... eu tinha me recusado a ter relações superficiais e desde então procuro conferir um caráter poético a cada pessoa que cruza meu caminho. Hoje confesso: as amizades que tenho são profundas e intrínsecas. Delas provém o crescimento, a plenitude e a consciência de que somente em oposição ao outro se dá o auto-conhecimento, a construção da nossa subjetividade e, sobretudo, o desenvolvimento do maior mandamento do Mestre: amar e ser amado.
L.

3 comentários:

  1. Livre-se do primeiro grupo .... !!!
    Dura decisão não é?
    Mas sua vida só vai evoluir qdo vc for vc mesma em 100% do tempo !!!
    Difícil ??? Basta ter coragem e tomar as atitudes certas !!!

    ResponderExcluir
  2. que lindo seu blog!
    Você escreve superbem :D
    Parabéns viiu?
    beijão :*

    ResponderExcluir
  3. A vida é um caminho de escolhas que nos direcionam para outros caminhos, nos faz crescer e evoluir e ser fortes diante das adversidades. Isso também faz parte de uma jornada onde nos conhecemos melhor, por isso que esse nosso ser 100% nem sempre é tão exato, por que sempre há que se agrega a ele, entende?
    gostei muito do seu blog, vc escreve muito bem
    beijs

    ResponderExcluir